Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio. Clarice Lispector.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Recovery - entre nuvens frias escrevi.

E ai eu convivo e percebo que realmente não devo ter me divertido como deveria aos 15 ou 17 anos ou 18, 19, ... e o resto dos anos o diagnóstico que mudou minha vida, que me fez ficar mais fraca mas de alguma forma mais forte porque ainda enfrento o que me acarretou, foram tantos tratamentos e nada, foram tantas clinicas, foram tantas tentativas de recuperar muitas coisas, uma saudade de um lugar que pode ser dito como acabado, abandonado, mas que construí amizades, que nos anos que fiquei longe mas dava algum jeito encarando o q tinha e a situação vinha mas o vínculo já tinha mudado muito , hoje ainda mais, alguns seguiram caminhos que dificilmente os vejo, os vi, mas os assuntos não se relacionam, nas tentativas de ver o que eu perdi não me encontrei ali, talvez eu seja de algum ano talvez 1932, vai lá saber, ou talvez eu seja de 3000. Ainda luto comigo, tento, me faz falta não escrever usando uma caneta, escrevendo nos blocos que tenho, já que a minha caligrafia se perdeu por causa do parkinsonismo,uma das muitas coisas que veio com a fibromialgia... Ainda leio o que antes lia por prazer e sabia decorado, e hoje dificilmente decoro algo, nem número de celular e qualquer número, porque também tem a deficiência cognitiva e tudo não está estampada nessa cara que dizem que parece não ser de 30 anos já  que será 31. Ainda não consigo olhar no espelho e ver elogios que me fazem raramente, um dia talvez eu veja isso. Conheci pessoas novas e mais novas do que eu. Recebi tanta atenção que estranhei, já que não sabia o que era me perguntarem se eu precisava de ajuda, se eu estava bem. Receber ligação pra perguntar se melhorei deixarem cidades 3 horas daqui e vir me ver e passar o dia e a noite, mesmo que estudando, mas conversando e só de ouvir, senti algumas saudades, da única pessoa que quando estive em outro lugar por anos me fez ser mais humana, mas sensitiva, e aprendi muito a conhecer uma Fabiana que não fazia ideia de que existia, foram dois anos complexos, realizadores e surpreendentes, ainda está sendo porque o ano apenas acaba simbolicamente devido a datas e celebrações e feriados, pra mim não muda muito, tira um pouco da tensão de dar conta de um sonho difícil, mas que estou caminhando para a realização dele com pessoa surpreendentemente pra mim que estava acostumada a aceitar brincadeiras com meus problemas de saúde e com rótulos de que frescura é o que tenho, de que o exagero é meu. Mas isso já não afeta, o que talvez me afeta é saber que eu esperava mais de amizades de anos, esperava e ainda espero dessa pessoa que era a única aonde fiquei por tantos anos um sinal de que vive, mas a escolha não foi minha, ainda tento, mas um tipo de desistência toma conta ultimamente e não queria sentir isso, talvez não seja isso mesmo, pode ser que eu tenha tomado consciência enfim de que o que pude fazer já fiz, já não depende de mim. Eu estou sendo, eu não fui eu sou se serei ai deixa pra lá, porque eu estou aqui ainda. é melhor ter perspectiva do que expectativa, a perspectiva te conduz, a expectativa te trava e não te faz bem, e pode vir decepções como realizações, por isso tenha perspectiva apenas, isso é o que te move alem de tantos sentidos que eu tenho que vc tem e que temos. Ainda preciso acreditar mais em mim, acho que acredito, talvez ser realista demais me atrapalhe, mas é tanta coisa, ás vezes quero acreditar que não ligo pra algumas coisas que considero sem importância e pode ser que sejam sim importantes, mas como ver isso, se ainda tem atitudes que me remetem a adolescência de tiração de sarro, a rótulos, pode não me incomodar, mas talvez me faça pensar ainda que eu realmente sou o que falavam e o que os olhos da maioria dizem, quando surge algo que é positivo quanto a imagem eu não acredito e acho graça. Um dia isso melhora, não sei. o que eu sei é que aprendi a rever ainda mais quem é quem, que sou eu ainda continuo vendo, aprendi que se for pra ser quem não sou pra receber algum tipo de elogio, então não os receberei, o que não seria nada que eu já não esteja acostumada, isso seria um problema pra quem só fica bem se for elogiado ou elogiada pela aparência, por ser tão igual , eu realmente não consigo ser o que não sou, se isso define algum elogio, então não os receberei pessoalmente. São conceitos que não entendo e entendo ao mesmo tempo, entendo que é um pensamento fechado e não entendo o porquê que isso ainda persiste e a originalidade e a liberdade de ser e fazer o que realmente sente e gosta continua a ser considerado ou engraçado ou motivo de riso ou algo do tipo, ainda não entendo nesse tempo que ainda a maioria das pessoas são levadas, elas não vão, são levadas, isso é ruim, mas quem sou eu pra mudar que sabe o que é o que gosta e não faz por medo ou porque pensam no que falam e não no que eles mesmos sentem. É o ser humano se complica. 
representação do ser








Acho que me estendi demais por aqui achando que estava no meu livro blog. Mas já escrevi. Bom voltarei a sentir nuvens frias e dores quentes, e ouvir o som que pode me acalmar. Blues talvez. Fabiana MURER.
real me